por Cristiane Collich Sampaio


 


Mesmo diante do apelo ambiental, ainda hoje é o fator econômico o principal propulsor da demanda pelo álcool combustível no Brasil. Apesar de o país ter passado praticamente ileso pelas recentes altas do petróleo no mercado internacional ? diferentemente do que ocorreu na década de 70, quando dependia das importações ?, a liberdade de escolha garantida ao consumidor pelos modelos flex fuel foi a grande responsável pelo grande aumento no consumo de álcool.


A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou em setembro que, de janeiro a agosto de 2008, os veículos flex tiveram participação de 87,5% no total de veículos leves (de passageiros e comerciais) licenciados no período; os carros movidos exclusivamente a gasolina responderam por apenas 7,9%.


Mais uma vez ? mas agora sem ter de ficar refém da boa vontade dos produtores ?, a preferência pelo abastecimento com álcool parece ser unanimidade nacional.


Esse foi um dos aspectos destacados durante a exposição da RC Consultoria, realizada na sede da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), em São Paulo (SP), no dia 19 de agosto. Na ocasião, o economista Fábio Silveira apresentou os cenários presentes e futuros do álcool e do biodiesel, no Brasil e no mundo.


 


Preferência nacional e abastecimento


 


Os primeiros carros flex foram lançados em 2003 e um ano mais tarde, o consumo total de álcool no Brasil ? anidro e hidratado ? somou 9 bilhões de litros, contra 17 bilhões de litros de gasolina C ? com álcool anidro. A previsão é que em 2008 o consumo anual de álcool supere o de gasolina ? 18 bilhões de litros de álcool X 17 bilhões de litros de gasolina ? e que em 2015 essa relação fique em 32 bilhões de litros de álcool e apenas 11 bilhões de gasolina.


O preço altamente competitivo do álcool na maior parte do ano, aliado à ausência de veículos movidos exclusivamente a esse combustível, tem cativado o consumidor, ainda que muitos critiquem o alto consumo dos motores flexíveis, nos dois combustíveis. A taxa de compressão utilizada ? intermediária entre a mais eficiente para a queima da gasolina e a do álcool ? é a responsável por isso. Mas, como se pode constatar, esse senão não chega a desestimular a decisão de compra desses veículos.


Pelo que foi apresentado na Fecomércio, os consumidores podem ficar tranqüilos quanto ao abastecimento de álcool no futuro. O plantio tem se desenvolvido sobre áreas de pasto e no cerrado, sem afetar a produção de alimentos e a Amazônia, e há pesados investimentos previstos para a construção de novas usinas e a modernização e ampliação de existentes. Cerca de 100 novas deverão entrar em funcionamento até 2012.


Isso deverá garantir o abastecimento interno e o aumento das exportações. Em 2007 o país exportou 3,5 bilhões de litros, devendo elevar esse volume para 4,2 bilhões em 2008 e para 13 bilhões em 2015.


 


A previsão é que em 2008 o consumo anual de álcool supere o de gasolina ? 18 bilhões de litros de álcool X 17 bilhões de litros de gasolina ? e que em 2015 essa relação fique em 32 bilhões de litros de álcool e apenas 11 bilhões de gasolina.


 


 


Preços


Ao fazer a projeção dos preços internacionais até a metade da próxima década, a RC Consultoria aponta tendência de queda até 2012, aproximadamente, causada pelo aumento da produção mundial, mas em 2013, com a elevação do consumo nos EUA, China e Japão, a situação deverá mudar. Fábio Silveira assinala o preço médio do álcool anidro no mercado internacional deverá subir 25% entre 2007 e 2015, de US$ 0,43 para US$ 0,54. Mas ele ainda lembra que, em relação à gasolina, o hidratado só é competitivo se seu preço corresponder a 70% do preço da gasolina e que serão os preços do mercado brasileiro a servir de parâmetro para os preços internacionais.


 


 


ETANOL, UMA ATITUDE INTELIGENTE


 


A Unica lança cartilha para divulgar os benefícios do álcool combustível e difundir o termo etanol no Brasil.


 


Esse é o slogan da campanha desenvolvida pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) para difundir o termo etanol no país e esclarecer dúvidas sobre as vantagens de sua utilização, quando comparado aos combustíveis fósseis. Essa iniciativa também procura globalizar o uso da palavra etanol, que já é utilizada mundialmente para designar o álcool, de diferentes origens, com uso combustível.


Uma cartilha impressa, já em circulação, explica, de forma didática, tudo sobre o etanol: de onde provêm, seus benefícios para o meio ambiente, o que é um carro flex fuel etc. e desmistifica alguns pontos, como a influência da expansão do uso na escassez de alimentos e no desmatamento da Amazônia, por exemplo. Como brindes, adesivos que trazem a logomarca e o texto da campanha: Etanol: uma atitude inteligente.


No site Etanol Verde ? www.etanolverde.com.br ?, também acessível pelo portal da Unica ? www.unica.com.br ? e mantido pela entidade, além da cartilha online, é possível encontrar notícias e outras informações, sobre bioeletricidade, emissões de carbono etc.