por Márcia Alves
Quem acha que o mercado de capitais é um bicho-de-sete-cabeças e que aplicar na Bolsa de Valores é coisa para gente rica, não conhece o clube de investimentos. Trata-se de uma aplicação financeira criada por um grupo de pessoas que desejam investir seu dinheiro em ações das empresas, ou seja, tornar-se sócio delas, com direito a uma parcela dos lucros. Tem crescido tanto o interesse por essa modalidade de investimento que seu bom desempenho vem batendo recordes sucessivos, desde a sua criação em 2003. De 1996 a 2007, o número de clube de investimentos registrados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) saltou de 106 para 2.107. Juntos, os clubes somam atualmente mais de 154 mil cotistas e formam um patrimônio de R$ 14,7 bilhões.
Os clubes podem ser formados por grupos de três a 150 pessoas. Iniciar um projeto desse tipo não é uma tarefa difícil. O primeiro passo é reunir um grupo de pessoas interessadas em investir. Depois, é preciso escolher uma corretora, que se encarregará de fazer a contabilidade do clube, emitir boletos, receber depósitos, gerar extratos para consulta e sugerir uma carteira de ações. O registro e a fiscalização dos clubes são feitos pela Bovespa.
O clube pode comprar títulos e ações negociados na Bolsa de Valores, porém, operações mais complexas e do mercado futuro sofrem algumas restrições. Pelas regras, a carteira de investimentos deve ter no mínimo 51% do seu dinheiro aplicado em ações e os 49% restantes poderão ser investidos, por exemplo, em títulos de renda fixa. Quanto maior for o patrimônio inicial do clube, melhor será o poder de negociação dos investidores com a corretora, que cobra uma taxa de administração pelos serviços prestados.
Para um clube formado por três pessoas, por exemplo, cada qual investindo entre R$ 200 e R$ 300 mensais, a taxa de administração cobrada por uma corretora será entre 2% e 3%. Já a rentabilidade dependerá das decisões tomadas pelo grupo e da oscilação positiva dos papéis que fazem parte da carteira do clube. Mas, a rentabilidade dessas carteiras tem sido, comprovadamente, superior às alternativas mais tradicionais, como cadernetas de poupança, fundos de renda fixa ou investimento em imóveis.
Na BR Distribuidora, por exemplo, o clube de investimentos criado em 2003 pelos funcionários, atualmente ostenta um patrimônio de R$ 1,7 milhão e rentabilidade de 460% no período, de acordo com a Bovespa. O Mulherinvest, um clube criado em 2004 por 105 investidoras, acumula desde então uma rentabilidade de 305%. Mas, também há riscos nessas operações. Neste ano, as bolsas de todo o mundo estão despencando devido ao risco de recessão na economia norte-americana. No Brasil, os fundos de investimentos tiveram bom desempenho em 2007 as ações da Vale valorizam 94% e da Petrobras 60%. Porém, ambas fecharam em queda em janeiro de 2008 Vale (-14%) e Petrobras (-8%). Por isso, os especialistas aconselham que as aplicações sejam feitas no longo prazo.
PASSO-A-PASSO PARA MONTAR UM CLUBE DE INVESTIMENTO |
1- Escolher os membros do clube, nome, regras e valores a ser investido mensalmente. |
2- Selecionar uma corretora e preparar a documentação, como termo de adesão e estatuto. |
3 - Planejar reuniões regulares, que podem ser semanais, quinzenais ou mensais. |
4- Delegar responsabilidades. Cada membro deve acompanhar um segmento do mercado e recomendar investimentos. |
5- Eleger uma comissão ou um gestor para presidir as reuniões e ser o contato do grupo com a corretora. |
Fonte: Bovespa www.bovespa.com.br |
Dicionário financeiro
Fundo de investimento: entidade financeira que, pela emissão de título de investimento próprio, concentra capitais de inúmeros investidores para aplicação em carteiras diversificadas de títulos.
Mercado de ações: segmento do mercado de capitais no qual se negociam ações de companhias.
Mercado de capitais: segmento do mercado financeiro no qual se realizam as operações de compra e venda de ações, títulos e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e/ou poupadores.
Renda fixa: tipo de aplicação na qual a lucratividade é contratada previamente ou segue taxas de mercado. Pode ser pré-fixado ou pós-fixado.
Rentabilidade dos investimentos em 2007 | |
Fundos FGTS Vale | 94% |
Fundos FGTS Petrobras | 59% |
Fundos PIBB | 47,7% |
Fundos de Ações | 40,3% |
Fundos Multimercado | 15% |
Fundos Renda Fixa | 11,3% |
Fundos DI | 11% |
Ibovespa | 42% |
CDB | 12% |
Poupança | 7,7% |
Inflação pelo IPCA | 3,7% |
Dólar comercial | -17% |
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Fontes: Andib e Valor Econômico |