por Denise de Almeida


 


A criação de uma nova distribuidora foi o caminho encontrado pela Petrobras para receber a rede de postos e os ativos de distribuição de combustíveis da Ipiranga – comprada em março do ano passado por US$ 4 bilhões e dividida com a Ultra e Braskem –, até que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprove a compra da empresa.
Segundo José Eduardo Dutra, presidente da BR Distribuidora, sua criação foi necessária porque a cisão dos ativos da Ipiranga já foi concluída e a parte que coube à Petrobras não poderia ficar mais na empresa nem migrar para a BR enquanto o Cade não termina o julgamento.
A nova distribuidora será 100% controlada pela Petrobras e deverá entrar em operação entre maio e junho deste ano, permitindo à estatal absorver cerca de mil postos da Ipiranga nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.


"Ela terá outro nome e vai gerir esses ativos até que eles possam ser incorporados aqui", explicou Dutra, que considerou que “esse é o resultado natural de um processo de compra que foi sacramentado do ponto de vista acionário, mas não do ponto de vista da regulação".


 


Concentração


 


Dependendo do resultado da análise do Cade, a nova distribuidora poderá ser posteriormente absorvida pela BR Distribuidora. De acordo com o executivo, se na análise da compra da Ipiranga, entretanto, o Cade adotar os mesmos critérios usados para a aquisição da Agip Liquigás pela BR, a posição de mercado da estatal será estudada em cada município isoladamente. E onde for encontrada participação de mercado maior que 50%, a BR terá que se desfazer de uma parte da rede, seja vendendo para o Ultra ou no mercado, o que for mais conveniente.


O presidente da BR Distribuidora explicou ainda que, mesmo com o início de operação da nova distribuidora, os postos da rede Ipiranga permanecerão utilizando a atual bandeira. "O contrato com a Ipiranga prevê que os postos continuarão com a bandeira pelos próximos cinco anos", informou Dutra.


A BR, que contabilizou crescimento de 14,9% nas vendas de combustíveis, comercializando mais de 30 bilhões de litros em 2007, detém 35% de participação no mercado de distribuição de combustíveis no país. Caso o Cade aprove a operação sem restrições, essa participação aumentará para 39%. No total, a Ipiranga possui 4.240 postos em todo o país, mas as unidades no Sul e Sudeste ficaram com o grupo Ultra (75% do total), de forma a evitar concentração da estatal nessas duas regiões.