por Márcia Alves


 


Os homens que se cuidem. As mulheres estão chegando para dominar. Elas já representam 44% da população economicamente ativa, chefiam 30% dos lares brasileiros, são titulares de mais de 50% dos 80 milhões de cartões de crédito no país e também são a maioria nos planos de previdência complementar. Além da crescente presença no mercado de trabalho, as mulheres também estão ocupando espaço em redutos antes exclusivamente masculinos, como o mercado de ações. Em 2007, 112,3 mil mulheres investiram na Bolsa, número 134% maior que em 2006. Em 2002, elas não passavam de 15 mil, mas hoje representam nada menos que 24,6% dos investidores da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).


 


O aumento da participação feminina na Bolsa nos últimos anos foi tão marcante que a Bovespa criou desde 2003 o "Mulheres em ação", módulo feminino do programa de popularização “Bovespa vai até você". O programa foi elaborado a partir de uma pesquisa realizada em 2002 com 1,5 mil mulheres de todo o Brasil sobre a preocupação delas com o seu futuro. O resultado revelou um interesse das mulheres pelo mercado financeiro.


 


Mas, a participação das mulheres no mercado de ações ainda tem muito espaço para crescer. De cada 10 investidores, apenas dois são mulheres, de acordo com dados da Bovespa. "Não vamos deixar a nossa responsabilidade financeira nas mãos de nosso companheiro, porque um dia ele pode não estar mais lá", afirma uma das organizadoras do “Mulheres em ação”, Ângela Barros. De acordo com ela, por trabalharem fora e passarem pouco tempo com os filhos, é muito comum que elas acabem por gastar mais com presentes e outros agrados para os filhos. "É um pouco por dia, mas que junta muito no final do mês", resumiu.


 


Conforme a especialista em mercado financeiro, existe um certo "mito" entre as pessoas que não conhecem o funcionamento das bolsas de valores. Para ela, a regra vale para ambos os sexos, ou seja, não é necessário ser rico, assim como falta de conhecimento não é desculpa para não tentar. “A Bovespa oferece diversos cursos gratuitos sobre como aplicar”, disse. Entretanto, alerta sobre a volatilidade do mercado de ações. “É preciso manter a calma e não se desesperar quando as ações estiverem em queda” Segundo ela, vender, nesse momento, pode trazer prejuízo. “Faça investimentos de longo prazo, pensando em custear a faculdades dos filhos ou sua própria aposentadoria”, aconselha.


 


Para quem não sabe como começar, Ângela diz que uma boa alternativa é optar por clubes de investimento: um grupo entre três e 150 pessoas que forma uma carteira de aplicações administrada por uma corretora. Para entrar é necessário fazer um depósito inicial, normalmente, de R$ 100 a R$ 200. O rendimento é calculado sobre o capital de cada participante. De acordo com Ângela, vale a pena pesquisar entre as corretoras que atuam junto a Bovespa aquelas que oferecem a menor taxa administrativa e o melhor atendimento. “O clube é uma opção interessante para quem tem poucos recursos para investir”, avalia.


 


Passo a passo


Ângela Barros ensina como as mulheres devem fazer para entrar no mercado de capitais:


 


* Primeiro passo: poupe. Se falta dinheiro porque você é "gastona", tente deixar de lado o impulso e o prazer imediatista para garantir um dinheiro extra e entrar para o mundo das ações. Se o problema é a questão do orçamento familiar, converse com marido e filhos, explicando a situação e pedindo a colaboração de todos. Para estimular, principalmente as crianças, a aderirem à força-tarefa de controle dos gastos, prometa uma "recompensa", caso as contas venham menores no mês seguinte: pode ser uma percentagem, em dinheiro, da economia, um brinquedo ou um passeio.


 


* Segundo passo: hora de investir. Pelo fato de o mercado de capitais ter uma característica bem volátil - hoje ganha-se muito, amanhã perde-se ainda mais - , é importante saber que aquele dinheiro reservado para aplicação em ações deve ser um montante que a pessoa não precisará por cerca de cinco anos. E não precisa se desesperar quando as ações desvalorizam. Quando tem uma liquidação é hora de comprar, certo? Quando há desvalorização é a mesma coisa, uma liquidação no mercado.


 



Perfil da acionista


Como são as mulheres que invadiram a Bolsa.


 


FAIXA ETÁRIA


2% 15 a 18 anos de idade


6% 20 a 30 anos


17% 31 a 40 anos


31% 41 a 50 anos


44% acima de 50 anos


 


ESTADO CIVIL


48% casadas


32% divorciadas/separadas


12% solteiras


8% viúvas/vivendo com companheiro


 


PERFIL DO INVESTIMENTO


82% conservador


18% risco/arrojado


 


PRINCIPAIS RAZÕES PARA INVESTIR


52% garantir o futuro


27% aumentar patrimônio pessoal


13% independência do marido


6% poder administrar as aplicações


3% outros motivos


 


*Amostra da pesquisa: 300 entrevistas com mulheres que investem na Bovespa. Praças pesquisadas: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília.


 


Fonte: InSearch e Tendências e Estudos de Mercado


 


 


Participação de homens e mulheres no total de investidores pessoa física nos últimos cinco anos.



























































 


Homens


Mulheres


Total


 


Qtd


%


Qtd


%


Qtd


2002


70.219


82,37


15.030


17,63


85.249


2003


69.753


81,60


15.725


18,40


85.478


2004


94.434


80,77


22.480


19,23


116.914


2005


122.220


78,76


32.963


21,24


155,183


2006


171.717


78,18


47.917


21,82


219.634


2007


344.171


75,38


112.386


24,62


456.557