por Cristiane Collich Sampaio


 



O sedentarismo – um mau hábito presente em todas as sociedades modernas –, ao lado do fumo, do consumo de álcool e da adoção de dietas pouco saudáveis, é uma das causas para o aparecimento e o agravamento de uma série de males, entre os quais a osteoporose.


Em artigo intitulado Exercício Físico e Osteoporose, divulgado no site www.saudetotal.com, o reumatologista e fisiatra José Maria Santarem Sobrinho diz que a massa óssea (ou densidade óssea) “depende de fatores genéticos, nutricionais, hormonais e ambientais, sendo críticos os níveis de atividade física”. Santarem, que também foi fundador e coordenador do Centro de Estudos em Ciências da Atividade Física (Cecafi), da Disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP, explica que, para prevenir a osteoporose na meia idade e na velhice, é importante, não apenas a assimilação de cálcio e vitamina D nas quantidades necessárias, especialmente nas primeiras duas décadas de existência, mas também adequados níveis de atividade física por toda a vida, pois estes ajudam a manter a densidade óssea.


 


Fatores de risco


 


Essa patologia nada mais é do que a degeneração dos ossos por perda gradativa de cálcio, o que os torna porosos, frágeis e sujeitos a micro fraturas (geralmente assintomáticas) e fraturas. Em sua fase inicial – chamada de osteopenia – é reversível. Porém, quando a perda da massa óssea evolui para um quadro de osteoporose devem-se buscar formas de conter seu agravamento, já que na idade adulta o organismo torna-se incapaz de se restaurar integralmente nesse campo, mesmo recebendo grandes doses de cálcio e vitamina D e expondo-se ao sol matinal.


Segundo o professor de Educação Física e personal trainer Eduardo Lanjoni, parceiro do Sincopetro (que oferece seus serviços, em condições especiais, aos portadores do Cartão Sincofácil), essa disfunção tem origem metabólica e está relacionada com o envelhecimento e a queda da produção de hormônios sexuais, entre outros.


É por isso que para as mulheres a menopausa é considerada uma fase crítica, enquanto que para os homens, que passam por um processo mais lento nesse sentido, o problema se faz presente de forma gradual e muito mais tarde, ao se aproximarem dos 80 anos. A redução na produção desses hormônios na mulher, como destaca Santarem, “começa aos 35 anos e progride 1% ao ano até a menopausa. Nos quatro ou cinco anos após o término das menstruações, elas perdem de 2% a 4 % de massa óssea ao ano, e depois voltam aos níveis de perda em torno de 1 % ao ano. Nos homens a perda começa aos 45 anos e é de cerca de 0,5 % ao ano, continuadamente.”


O que acontece em decorrência disso, conforme frisa Eduardo Lanjoni, é o desequilíbrio entre o depósito de cálcio nos ossos e sua remoção (absorção), ações que integram o processo constante de remodelação óssea pelo organismo. Os exercícios físicos, como a caminhada, estimulam o depósito de cálcio nos ossos.


Entretanto, há outros elementos que contribuem para o desenvolvimento da osteoporose. Segundo suas declarações, são considerados fatores de risco: herança genética, magreza pronunciada, consumo excessivo de cigarro, álcool, cafeína e proteínas, má alimentação e inatividade física. Além disso, alguns grupos são mais predispostos as desenvolvê-la: mulheres caucasianas e asiáticas, indivíduos de pele clara e constituição física pequena, com história familiar da doença, experiência prévia de perda óssea por imobilização, hiperparatireoidismo, portadores de atrite reumatóide, escoliose, doenças crônicas e quem faz uso contínuo de alguns tipos de medicamentos (como os corticóides).


 


Exercício físico, osteoporose e qualidade de vida


 


Ao indicar a prática de atividades físicas para prevenir o aparecimento de osteoporose, evitar sua evolução e prevenir quedas, em idades mais avançadas, ele adverte: “consulte seu médico antes”.


Entre os muitos estudos já realizados nesse campo, Lanjoni cita o realizado recentemente com 17 mulheres, com idades entre 60 e 67 anos e diagnóstico de osteoporose, para destacar os benefícios de caminhadas, associadas a exercícios de alongamento e musculação. Elas foram submetidas a um programa de três meses, com realização de atividade física três vezes por semana, com duração de uma hora.


Após a conclusão do programa, “tiveram um leve aumento na estatura, com conseqüente a melhora da postura e da flexibilidade, especialmente no tronco e membros inferiores”, revela. Além disso, a musculação propiciou aumento significativo na força muscular do grupo. “No equilíbrio, este estudo mostrou que houve melhora em 88% nas mulheres, e também aumento da coordenação motora, corroborando a tese de que esses tipos de exercícios são benéficos para idosos em geral, reduzindo o risco de fraturas por quedas e aumentando o índice de deposição de cálcio nos ossos”, ressalta.


Lanjoni acrescenta que outro estudo, com homens entre 50 e 54 anos, apontou para a mesma direção: “houve aumento da força muscular e da flexibilidade, que contribuiu para o aumento da velocidade e do equilíbrio no caminhar e discreta diminuição na gordura corporal”.