por Elaine Paganatto


 


Uma revendedora destaca-se por ter feito um caminho diferente daquele ao qual estamos acostumados a ver. Não foi o ´homem da casa´ quem levou a família para perto das bombas de gasolina, mas ela, Sylvia Duarte Maluf , decidiu aventurar-se no segmento e carregou o marido,João Roberto Tasca, e a filha do casal, Camila Maluf Maia para as pistas de abastecimento.  “Hoje, os postos de gasolina transformaram-se em negócio de família”, destaca.


Sylvia afirma que tem gasolina correndo nas veias e que jamais se imaginou fazendo outra coisa que não fosse lidar com o dia-a-dia de um posto de combustíveis. “É como se tivesse sido formatada para este ramo de negócio. Simplesmente amo o que faço. Parece passionalidade, mas não só parece é, de fato”, brinca.


A revendedora, que está há 15 anos no setor e atualmente possui três postos, dois em  Bragança Paulista (SP) e um em Osasco (SP), não acha que o setor esteja vivendo sua melhor fase, mas ainda assim consegue enxergar vantagens para os empresários de combustíveis:  “Vejo o mercado hoje bastante promissor, pois as montadoras de carros estão batendo recordes de vendas no país com um crescimento sustentado significativo, apontando um PIB encorajador. Quanto mais carros, mais combustível vendido”, comemora.


Porém, como todos que têm na venda de combustíveis sua principal atividade, ela não esconde que por muitas vezes se sentiu desanimada diante de tantos problemas enfrentados pelo setor. “O Brasil vive um verdadeiro caos no que se refere à tributação, fiscalização, e isso causa bastante desconforto para quem trabalha com o comércio de combustíveis”.


Mas, otimista, Sylvia prefere acreditar que as coisas já começaram a melhorar, por conta de medidas como as que foram adotadas pelo Governo do Estado de São Paulo ao sancionar leis que prometem ser mais punitivas com os revendedores desonestos que se encarregam de desordenar o mercado. “Cabe a nós não esmorecer continuando a lutar pela conscientização do mercado, papel que vem sendo assumido de maneira impecável pelo sindicato de postos de São Paulo (Sincopetro)”, destaca.


Sylvia acha que, por causa de tudo o que vem ocorrendo no setor é quase impossível trabalhar sem dar uma espiadinha no negócio do vizinho. Estar de olho na concorrência é mais ou menos como vigiar o comércio ao lado. Não no que diz respeito a preço somente, mas a tudo o que se refere ao negócio como atendimento, modernização de instalações, limpeza etc. “É necessário melhorar sempre para não ficar para trás. Num mundo com mudanças tão rápidas como as que se apresentam, temos de estar plugados em absolutamente tudo o que ocorre”.


 


Universo masculino


Mas como será lidar com as questões do cotidiano num universo tipicamente masculino? Sylvia diz que tira de letra. Afirma nunca ter encontrado dificuldades, que, ao contrário, sempre se sentiu respeitada pelos colegas e o mercado como um todo. “É uma atividade, que tem em sua maioria homens no comando, apenas porque as próprias mulheres aprenderam a ver o segmento como um negócio sem muito glamour, ou seja, como um comércio sujo ou feio, diferente de uma loja de roupas, por exemplo. Mas não vejo assim. Ao contrário, adoro posto, loja de conveniência e me sinto super recompensada com meu trabalho. Sinto orgulho pelo fato de ser uma mulher bem-sucedida no ramo”, salienta.


A empresária conta ainda que não vê problemas ao dirigir-se a um funcionário homem. Em sua opinião, um bom relacionamento entre patrão e empregado está calcado no poder de liderança e não no fato de ser homem ou mulher. “Um líder não se destaca pelo fato de ter nascido homem ou mulher, mas pelo grau de persuasão que tem com sua equipe e esta, talvez, seja a minha principal e melhor característica”.


É claro que uma administração feminina de um negócio caracteristicamente masculino deve evidenciar algumas particularidades. Afinal, sob a ótica da mulher, um ambiente sempre pode ser melhorado para tornar-se mais agradável. Neste caso, não seria diferente: “Tenho tapetes no escritório para tornar o lugar mais confortável e bonito. Me preocupo com a limpeza, beleza e até mesmo com o cheiro do local. Já ouvi coisas do tipo: ´este é o único posto de gasolina que não tem cheiro de gasolina´ ou ainda ´o banheiro deste posto é mais arrumado que o da minha casa´”, diverte-se.


 


Planos


Com os negócios caminhando bem, Sylvia Duarte e sua equipe vêm elaborando estratégia para a expansão das atividades. “Diante do nosso crescimento, estamos reestruturando a administração, tornando-a mais profissional, porque temos planos de adquirir novos negócios para a ampliação da rede. Estamos desenvolvendo estratégias para nos tornarmos mais competitivos, buscando incansavelmente oferecer a cada dia um melhor atendimento aos nossos clientes”.