Por Denise de Almeida


 


Durante muito tempo, o cigarro foi considerado símbolo de status. Hoje, porém, sabe-se que ele é um dos piores inimigos da saúde e, aos poucos, vem saindo de moda. A proibição da propaganda publicitária e a restrição aos espaços onde se é permitido fumar são exemplos de iniciativas de combate à droga que, agora, ganham mais um aliado. Em São Paulo, no dia 29 de agosto – Dia Nacional de Combate ao Fumo – a Secretaria Estadual da Saúde lança o selo Ambiente Livre do Tabaco para estabelecimentos comerciais, prédios públicos e empresas interessadas em coibir o fumo em suas dependências.


 


Por quê é tão difícil parar de fumar?


 


Fumar vicia orgânica e psicologicamente. Segundo o médico oncologista André Sasse, as folhas de fumo contêm mais de 4,5 mil substâncias tóxicas diferentes, muitas das quais se transformam em combinações que incluem arsênico, amônia e até fósforo P4/P6, usado para veneno de rato. “Talvez, o mais letal seja o monóxido de carbono, que é idêntico ao gás que sai do escapamento dos automóveis, e que, como tem mais afinidade com a hemoglobina do sangue do que o próprio oxigênio, ele toma o seu lugar, deixando o nosso corpo totalmente intoxicado”, afirma.


A nicotina, por sua vez, é considerada pela Organização Mundial da Saúde uma droga psicoativa que causa dependência. A droga age no sistema nervoso central, como a cocaína, e chega ao cérebro em apenas 9 segundos. Por isso, o tabagismo é classificado como doença no grupo de transtornos mentais e de comportamento.


Além disso, a nicotina acelera a freqüência cardíaca, causando hipertensão arterial e maior adesividade plaquetária e, juntamente com o monóxido de carbono, provoca diversas doenças cardiovasculares. O alcatrão, por sua vez, para citar apenas mais uma substância, é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas.


De acordo com estatísticas publicadas pelo INCA – Instituto Nacional do Câncer contra o tabagismo, órgão do Ministério da Saúde – as doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de morte por doença no Brasil, sendo que o câncer de pulmão é a primeira causa de morte por câncer. Também está comprovado que o tabagismo ainda pode causar impotência sexual no homem, complicações na gravidez, aneurismas arteriais, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e trombose vascular.


 


Alguns mitos relacionados ao cigarro


 


• Poucos cigarros não fazem mal à saúde: não existe quantidade segura para cigarros consumidos. Um fumante leve, que fuma de 1 a 9 cigarros por dia, tem seis vezes mais chances de desenvolver a doença do que uma pessoa que não fuma. Este dado indica que o tabagismo é um grande fator de risco mesmo quando a exposição é relativamente baixa.


• Cigarros com baixos teores são menos prejudiciais à saúde: Para regular o nível de nicotina o fumante passa a fumar em maior quantidade, e cigarros light ou de baixo teor não eliminam o risco de desenvolvimento das doenças relacionadas ao fumo.


• Só uma tragada não faz mal: Evite o primeiro cigarro que você evitará todos os outros. Todo ex-fumante deve permanecer atento, pois a dependência da nicotina pode retornar mesmo que seja com uma só tragada.